Nos anos 80, Miguel deixou a torcida para atuar como médico do time tricolor. |
Na
noite do dia 26 de janeiro de 2013, quando o River entrar em campo para
enfrentar o Cori-Sabbá, na cidade de Floriano, o médico tricolor,
Miguel Ângelo, estará em ação pelo 30° ano consecutivo na história do
Campeonato Piauiense de Futebol da 1ª Divisão de Profissionais. Um
recorde que ele vai ampliando a cada temporada.
Torcedor
riverino de ir para as gerais e arquibancadas do Lindolfo Monteiro e do
Albertão, Miguel Ângelo acompanha o River desde garoto. Mas foi em 1984
que ele assumiu a função de médico do clube, disputando seu primeiro
campeonato. E é logo desse primeiro ano o episódio que, se pudesse,
mudaria a história.
No 4 de Julho campeão de 1992, Miguel é o penúltimo em pé, ao lado de Edilson Moreira. |
"Nas
finais do 1° turno" - recorda o médico tricolor - "o zagueiro João
Carlos Tigre, que estava entregue ao departamento médico, disse não
estar mais sentindo uma distensão. Eu quis vetá-lo, mas ele disse que
não sentia nada. Eu sabia do risco, mas liberei. Com menos de 20
minutos, ele deixou o campo e o River terminou perdendo o título do
turno. Hoje, mais experiente, eu teria vetado sua participação naquela
decisão".
River: paixão de pai para filho. |
Além
das finais ganhas, que deram ao River os títulos de 1989, 1996, 1999,
2000, 2001, 2002 e 2007, Miguel Ângelo Costa Lago, 61 anos (Teresina-PI,
24/05/1951), guarda na memória, com especial carinho, um Rivengo do
Campeonato Piauiense de 1998. "O River já estava eliminado e o Flamengo
precisava vencer o clássico para ter chance de ir para a decisão",
lembra.
"Um
dirigente do Flamengo chegou a procurar nosso presidente para oferecer
uma gratificação. Eu, então acumulando as funções de médico e
vice-presidente, disse que não faríamos isso. No último treino, falei
com cada jogador e disse que precisávamos deixar o campeonato
dignamente. No vestiário, antes do jogo, falei com cada um, olho no
olho, lembrando a necessidade de sermos dignos e jogar para vencer, como
deve ser sempre".
"O
Flamengo ainda fez 1 a 0, já no segundo tempo, o que deve ter provocado
a desconfiança de muita gente. Mas viramos para 2 a 1, com gols do
Matoso e do Silvan, e eliminamos o Flamengo. No final da partida,
enquanto eu abraçava e parabenizava cada atleta, alguns jornalistas
censuravam a nossa vitória, achando que deveríamos ter feito a
marmelada. Ainda hoje me emociono quando me lembro daquela noite no
Lindolfo Monteiro", afirma.
Médico também dos adversários: cena comum nos gramados piauienses. |
A
trajetória que chegará ao 30° campeonato poderia ter sido interrompida
em 1992 quando o River ficou fora da competição. Miguel fez diferente e
trabalhou para outros times, por simples amor ao esporte. A recompensa
não veio somente com a satisfação do dever cumprido. Ele também ganhou o
título, tornando-se campeão piauiense com o 4 de Julho. Trabalhar para
outros clubes, a propósito, é fato comum. Adversário do Galo que não
tiver médico pode ter certeza que Miguel Ângelo estará pronto para
ajudar no que for necessário.
Oito
vezes campeão piauiense (7 pelo River e 1 pelo 4 de Julho), Miguel não
esconde o desejo de aumentar também estes números. E diz, sem nenhum
constrangimento, que "o título de campeão de 2013, para o River, será o
melhor presente pelos 30 anos de Campeonato Piauiense". Feito o pedido, o
time agora tem mais este motivo para buscar os resultados positivos já a
partir do dia 26 de janeiro, quando o Galo irá estrear na competição,
diante do Cori-Sabbá.
Atento à possibilidade de um acidente, ele também cuida de amarrar o cadarço no tênis do pequeno mascote. |
Parabéns Dr. Miguel! Um exemplo de Riverino!
ResponderExcluirEsse sim, é digno de honrarias.
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